[ Informação Revista Comunicação Pública ]
CFP – Revista Comunicação Pública, Número 34 (nova data)
A revista Comunicação Pública é um projeto editorial de raiz multidisciplinar destinado à publicação de trabalhos de investigação, ensaios teóricos e notas críticas que façam das formas de comunicação humana o seu tema de reflexão.
Até 13 de fevereiro de 2023, encontra-se aberta a chamada para a submissão de artigos para o próximo número: Número 34 (junho 23): “Estudos em Audiovisual e Multimédia”
Editores: Catarina Duff Burnay (Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa) e Paulo Nuno Vicente (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)
Línguas: Português; Inglês; Espanhol
Abstract
As potencialidades do digital têm desafiado as assunções instaladas sobre o audiovisual e o multimédia como contextos e objetos de estudo. Multiplicam-se os ecrãs, hibridizam-se os aparatos de acesso a conteúdos, os media emergentes ganham centralidade nos quotidianos, os textos fragmentam-se e complexificam-se, o receptor adquire um estatuto duplo e simultâneo de consumidor e produtor. O dossiê temático “Estudos em Audiovisual e Multimédia” tem, assim, como objetivo explorar as dinâmicas dos processos de criação, distribuição e receção, mapear as suas principais alterações tecnológicas e sociais e perspetivar e compreender os impactos na indústria e nas práticas culturais dos indivíduos.
Descrição e enquadramento
Kyle Nichols (2006), ao discutir o futuro da televisão, substituía o conceito de broadcast por algo próximo da engenharia genética, com os telespectadores a trabalhar nos seus laboratórios multimédia pessoais, juntando conteúdos, canais e plataformas de acordo com os seus gostos e vontades. Quase duas décadas depois, esta realidade ganha dimensão, em especial junto da população mais jovem. Nascida e/ou criada dentro de uma bolha tecnológica evoluída, as gerações must see tornam-se proficientes na escolha e acesso dos/aos conteúdos e, em consequência, na satisfação imediata das suas necessidades informativas e recreativas. De forma ainda atual, o autor previa que os mais velhos mantivessem uma relação estreita com a televisão e com o televisor, transformando o flow de Raymond Williams (1974) numa estratégia mais da recepção do que da própria produção. Se este cenário, marcado pela diversificação de fontes de acesso, aumento da oferta e aprimoramento técnico dos devices, flexibiliza e potencia o consumo, cresce a pressão e a exigência junto das entidades produtoras. Confrontadas com um ambiente mediático sem fronteiras definidas, onde a internet ganha o estatuto de medium ao viabilizar experiências e conteúdos de forma direta (Johnson, 2019), estas têm de escolher as “guerras”, as “armas” e as “tácticas”, de acordo com a sua natureza, posicionamento, recursos e objetivos de mercado para a tomada de decisões.
Ciclicamente, a tecnologia potencia a emergência de novos objetos culturais (Manovich, 2001), num processo de convergência mediática (Meikle & Young, 2012), tornando-se determinante atentar, para lá das plataformas de produção e distribuição e das formas de acesso, ao entorno técnico e aos impactos sociais. Neste sentido, e numa abordagem aos desenvolvimentos da última década, tem de se olhar criticamente, por exemplo, os princípios da Inteligência Artificial para melhor compreender as implicações das buzzwords automação, algoritmo e sistemas de recomendação quando usadas numa referência às plataformas de streaming de vídeo, às redes sociais digitais ou mesmo aos projetos editoriais digitais. Em paralelo, é importante destrinçar e analisar os efeitos sociotécnicos da sua utilização nos processos de decisão, nos níveis de envolvimento dos utilizadores (com as plataformas e conteúdos), nas performances mercadológicas e, de uma forma mais lata, nas implicações da potencial dataficação da vida e dinâmicas sociais (Møller Hartley et al., 2021; Couldry, 2020; Van Dijck, 2014).
O contexto descrito tem vindo a moldar aquilo que se entende por televisão (Lotz, 2007, 2017, 2018, 2021, 2022), mas também por audiovisual e multimédia enquanto conceitos. A junção do som e da imagem em movimento, embora conectada de forma direta ao pequeno ecrã, representa aparatos e conteúdos a operar em simultâneo de uma forma mais alargada e marcadamente inter, multi e trans media. Estas dinâmicas têm, ainda, de ser perspetivadas e trabalhadas de acordo com os campos sociais em que se efectivam e os habitus dos diferentes grupos sociodemográficos (Bourdieu, 1976) e com os ambientes geográficos e culturais em que operam, tendo em conta as oportunidades e constrangimentos proporcionados pelos contextos de globalização (Giddens, 1995; Featherstone et al, 1995), assim como pelas ideias de mobilidade, representações e identidades (Morley, 2000; Hall, 1997; Hall & du Gay, 1996).
Objetivos e enfoques pretendidos
Tendo como pano de fundo estas linhas de pensamento, o dossiê temático “Estudos em Audiovisual e Multimédia” aceita contribuições que cruzem diferentes experiências de produção/criação e recepção, entre outras, nas seguintes áreas temáticas:
• Pós-Televisão e “ecranização” da sociedade
• Plataformas de streaming audiovisuais: produção, distribuição e consumos
• Conteúdos multimédia e ludificação
• Plataformização do gosto
• Automação e Big Data
• Algoritmos e Literacia Algorítmica
• Audiovisual, Representações e Identidades
• Regulação/regulamentação dos novos ambientes mediáticos
• Medição de audiências, estudos de recepção, fandom
• Produção audiovisual e sustentabilidade (green production)
• Novas narrativas dos media: géneros, formatos, estratégias
• Linguagem e práticas multimédia (universos narrativos)
• Jogos Digitais Interativos
• Realidade Virtual, Aumentada e Realidades Mistas
• Arquivo(s) e Memória(s)
• Práticas imersivas (jornalismo, entretenimento, ficção)
DATAS IMPORTANTES
Abertura da chamada de artigos: 15 de setembro de 2022
Data limite para a submissão de artigos: 13 de fevereiro de 2023
Entrega das versões finais: 15 de maio de 2023
Data de publicação do número: 30 de junho de 2023
Submissão dos artigos:
A submissão de artigo deve ser feita através da plataforma https://journals.ipl.pt/cpublica/index . É necessário que os autores se registem no sistema antes de submeter um artigo; caso já tenha se registado basta aceder ao sistema e iniciar o processo de 5 passos de submissão.
Os artigos devem ser submetidos através do modelo pré-formatado para submissão de artigos à Comunicação Pública. Para mais informações sobre a submissão consultar Informação para Autores e Instruções para Autores.