[ Informação Revista Comunicação Pública ]

Call for papers para Comunicação Pública n.º 37 (dezembro de 2024)

Dossiê temático: Cultura digital: mediatização, vigilância e espaço público
Editores: Silvia Valencich Frota (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Nuno Medeiros (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Línguas: Português; Inglês; Espanhol
DATA LIMITE PARA A SUBMISSÃO DE ARTIGOS: 7 de julho de 2024

Abstract

As transformações da cultura, promovidas quer pelo digital quer pelo desenvolvimento dos media e dos sistemas de informação e comunicação, representam um dos grandes desafios das sociedades modernas. Entender tais mudanças e os seus impactos, muitas vezes profundos, torna-se parte do quotidiano, não só de profissionais da comunicação, mas de todos nós, cidadãs e cidadãos. Que desafios, riscos e oportunidades afloram? Que novos espaços públicos de interação e socialização estão a ser promovidos? A partir de uma abordagem transdisciplinar, o objetivo deste dossiê é promover a reflexão sobre o impacto dessas novas tecnologias numa sociedade marcada, por um lado, pela abundância de informação e dados e, por outro, por uma profunda e generalizada crise de confiança, com todo o potencial de rutura e instabilidade associado a ela.

Descrição e enquadramento

Pensar as sociedades contemporâneas implica, em alguma medida, mapear, compreender e analisar os complexos sistemas de informação e comunicação, que simultaneamente as estruturam e são estruturados por elas. Este emaranhado de redes, com os seus múltiplos nós e ligações, possibilita e estimula a circulação de dados, ideias, objetos e pessoas, transformando a noção de espaço e a de tempo, imbricando-as e desafiando-as (Castells, 2009).

A comunicação torna-se cada vez mais ubíqua, alcançando os mais ínfimos espaços e práticas da vida em sociedade, desde a esfera mais íntima à mais visível e disseminada publicamente. Nesse sentido, o conceito de mediatização, conforme proposto por Hjarvard (2013), parece oportuno ao acentuar a capacidade de transformação das instituições sociais promovida pelo (mas também promotora do) desenvolvimento dos media, que, por sua vez, se passam a constituir como uma instituição per se.

O acelerado – e, apesar da denominada fratura digital (Furtado, 2012), presumivelmente irreversível – processo de digitalização é parte relevante deste cenário. A cultura digital conquista territórios e mentes, mas é preciso pensar além dela. Mais do que a cultura digital, interessa conhecer, analisar e refletir sobre a cultura do digital, ou seja, sobre os novos valores, visões de mundo, formas de relacionamento e processos de construção de significados promovidos direta e indiretamente pelo digital, e sobre os modos plurais como se inscrevem nas – e inscrevem as – estruturas sociais, culturais, económicas e políticas da existência e interação humanas (Arditi e Miller, 2019).

Nesta dupla inscrição engendra-se um espaço de tensão entre as culturas – e estruturas – de liberdade, e as culturas – e estruturas – de vigilância, ambas escoradas num cenário atual marcado, entre outros traços definidores, pela hiperconexão, superdiversidade e centralidade dos dados na vida contemporânea e pelas problemáticas que deles decorrem, designadamente no quadro das suas expressões públicas. Que novos espaços públicos são possíveis? Como se caracterizam? Que novas oportunidades e riscos afloram? Que novos agentes neles participam? Que novas relações de força são estabelecidas?

O poder – e a correspondente responsabilidade – das grandes plataformas de tecnologia tem sido bastante questionado, especialmente no âmbito de debates sobre desinformação e regulamentação. Mas há muitos outros temas emergentes, como os riscos associados ao desenvolvimento da inteligência artificial, as novas formas de assimetria e desigualdade e/ou polarização e violência promovidas pela lógica de algoritmos que rege as redes sociais, o deslaçamento social e o enfraquecimento da eficácia das relações em campos como o laboral ou o educativo, entre tantos outros.

Objetivos e enfoques pretendidos

Adotando-se como ponto de partida um diálogo interdisciplinar assente na articulação de áreas tão diversas como os estudos de cultura e comunicação, a sociologia, os estudos literários, a antropologia, os estudos políticos, a economia, os estudos editoriais, entre outras, o objetivo deste dossiê é promover a reflexão sobre o impacto dos novos sistemas de informação e comunicação numa sociedade marcada, por um lado, pela abundância de informação e dados, e, por outro, por uma profunda e generalizada crise de confiança, com todo o potencial de rutura e instabilidade associado a tal cenário.

Lista de subtemas possíveis:

Hiperconexão, superdiversidade e cidadania na era das redes
Memória digital, direito ao esquecimento e o papel dos media
Inteligência artificial, pós-humanismo e tecnologia
Vigilância, discriminação e algoritmos
Nacionalismo, cosmopolitismo e globalização nos/dos media
Nacionalismos, identidades e cidadania na era digital
Decolonialismo, media alternativos e representação
Media, cidadania e produção cultural
Confiança, pós-verdade e desinformação
Infocracia, capitalismo de vigilância, capitalismo de plataformas
Hipercultura, cibercultura e a virtualização do real
Convergência, disjunção e sobreposição entre o digital e o impresso
Transmediatização, intermedialidade e transposição mediática da obra

Referências Bibliográficas

Arditi, D., Miller, J. (eds.) (2019). The Dialectic of Digital Culture. Lexington Books.
Castells, M. (2009). The Communication Power. Oxford University Press.
Couldry, N. (2012). Media, society, world: social theory and digital media practice. Polity Press.
Furtado, J.A. (2012). Uma Cultura de Informação para o Universo Digital. Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Han, B.C. (2022). Hyperculture: Culture and Globalization. Polity Press.
Hjarvard, S. (2013). The Mediatization of Culture and Society. Routledge.
Lemos, A. (2023). Cibercultura. Tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Editora Sulina.
Rabinovitz, L., Geil, A. (eds.). (2004). Memory Bytes: History, Technology, and Digital Culture. Duke University Press.
Santaella, L. (2022). Neo-Humano: a Sétima Revolução Cognitiva do Sapiens. Paulus.
Zuboff, S. (2019). Surveillance Capitalism: The Fight for a Human Future at the New Frontier of Power. PublicAffairs.

DATAS IMPORTANTES

Abertura da chamada de artigos: 26 de fevereiro de 2024
Data limite para a submissão de artigos: 7 de julho de 2024
Data de publicação do número: 15 de dezembro de 2024

Submissão dos artigos:

A submissão de artigo deve ser feita através da plataforma https://journals.ipl.pt/cpublica/index. É necessário que os autores se registem no sistema antes de submeter um artigo; caso já tenha se registado basta aceder ao sistema e iniciar o processo de 5 passos de submissão.

Os artigos devem ser submetidos através do modelo pré-formatado (https://static.escs.ipl.pt/old/pdfs/investigacao/comunicacao_publica/CPublica-ESCS-Modelo.docx) para submissão de artigos à Comunicação Pública. Para mais informações sobre a submissão consultar Informação para Autores (https://journals.ipl.pt/cpublica/information/authors) e Instruções para Autores (https://journals.ipl.pt/cpublica/about/submissions).

 


 

[ Informação Divulgação FDUP ]

CALL FOR PAPERS International Conference Prison systems and prison architecture: how are they related? A European perspective
(October 24-25, 2024 – School of Criminology – Faculty of Law, University of Porto Porto, Portugal)

Since its inception, the Portuguese Prison Photo Project has sought to shed light on prison buildings and environments. The photographs taken over the last years depict these places where, for long periods, people are required to share their lives in cramped surroundings, unfriendly cells, and environments. These photographs explore the lived architecture, question how prison architecture is conceived, and point toward the importance of researching the design of new prisons.

Based on this background, this international conference entitled “Prison systems and prison architecture: how are they related? A European perspective” aims to explore the relationship between prison architecture, its design and some central elements inherent to the functioning and experience of prison systems, such as adaptation processes, relationships, emotions, prison organization and management or detention regimes. Furthermore, rather than focusing on a specific national context, this conference was conceived to promote a comparative analysis and reflection on the experience of different countries regarding these elements.

Thus, we invite you to submit an abstract proposal for the thematic sessions of this conference on the following topics:

• Prison architecture and design;
• Prison organization, management, and technical support;
• Prison environment;
• Inmate experiences;
• Detention regimes.

Other related topics will be considered in additional thematic sessions. So, please feel free to submit a proposal on other topics.

Abstract rules:

• Abstracts should be submitted using the form available at the following link: https://forms.gle/ggpJ2TxNeJunSWK68
• All abstracts must include a title, abstract (≤ 250 words), authors, affiliations, and 3-5 keywords.

Important Deadlines:

Call for abstracts: May 31, 2024. NEW DEADLINE: June 20, 2024. No other extensions will be granted.
Notification Abstract Acceptance: July 14, 2024
Registration: July 15 – 31, 2024 (mandatory registration, but no fees required!!!), using the following link https://forms.gle/cjmC32UA6z49qEws6
Final Program: September 30, 2024

General information

We are delighted to welcome you to the conference, even if you are not presenting.
For further information, please contact us at: escolacr@direito.up.pt / +351 222041600