Quase cinco décadas após os acontecimentos que sucederam ao 25 de Abril de 1974, é hoje mais clara a teia de relações globais em que estes se inseriram. Das descolonizações africanas à radicalização social e política dos longos anos 60, passando pelo esgotamento do ciclo de crescimento económico do pós-guerra, a Revolução de 1974-75 foi definida e ajudou a definir um conjunto de processos históricos que transcendem os seus limites geográficos. Por outro lado, aqueles anos coincidiram com mudanças de paradigma produtivo e intelectual, bem como com reconfigurações políticas que se prolongaram até à década de 1980. Que relações estabelece a Revolução com estes processos de transformação?

Evoluções recentes na historiografia e outras áreas de saber – incluindo os desafios colocados pela história global e transnacional às clássicas histórias nacionais, ou a relação entre as narrativas historiográficas e outras mediações, nomeadamente audiovisuais – constituem uma boa oportunidade para repensar a historicidade da Revolução e reinventar as suas narrativas e representações. O seminário desafia assim investigadores/as e outros/as criadores/as a apresentar novas perspetivas sobre o tema, privilegiando aquelas que o insiram em grandes fenómenos transnacionais contemporâneos (a começar pela forte mobilização política de base que marca o período) e/ou que explorem formas narrativas alternativas.

Com periodicidade mensal e duração indefinida, o seminário incluirá sessões com formatos diversos, como a apresentação de investigações em curso, discussão de textos, projeção de materiais audiovisuais, mesas-redondas, etc. Simultaneamente, as sessões poderão decorrer em qualquer uma das três instituições envolvidas na organização (IHC — NOVA FCSH, CEIS20 — Universidade de Coimbra e University of Cambridge), combinando formatos presenciais e à distância, de forma a permitir uma participação tão ampla quanto possível de académicos/as, artistas e outros/as que aqui queiram apresentar o seu trabalho, bem como do público em geral.

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Programa:

24 de Março  |  Cuba e a Revolução portuguesa: algumas aproximações
Raquel Ribeiro (Instituto de História Contemporânea — NOVA FCSH)

21 de Abril  |  Dentro e contra uma teoria de Abril
Luhuna Carvalho

26 de Maio  |  The Portuguese Revolution: Highpoint and Endpoint of a Transnational Mobilization Cycle
Gerd-Rainer Horn (SciencesPo. Centre for History, Paris)

23 de Junho  |  European Social Democracy and the role of the Portuguese Socialist Party in the Carnation Revolution. A common struggle for the hegemony within the Left
Alan Granadino (Universidad Complutense de Madrid)

21 de Julho  |  Entre a livre circulação e o domínio informativo. Portugal 1974-1975 e as agendas da informação internacional
Rita Luís (Instituto de História Contemporânea — NOVA FCSH / IN2PAST)

Organização:

Rita Lucas Narra (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Ricardo Noronha (IHC — NOVA FCSH / IN2PAST)
Pedro Ramos Pinto (Universidade de Cambridge)
Luís Trindade (CEIS20 — Universidade de Coimbra)