Declaração da Associação Portuguesa de Sociologia
1. Na sequência de uma denúncia, feita por um associado da Associação Portuguesa de Sociologia (APS), relativa a “informação curricular forjada” e a “produção científica fraudulenta publicada” apresentada por um candidato (também ele associado da APS) a um concurso público internacional para um lugar de docência numa universidade pública portuguesa, endereçou a Direção o pedido de apreciação do caso ao Conselho de Deontologia, órgão consultivo da Direção da APS.
2. Em conformidade com os Estatutos da APS, o Conselho de Deontologia analisou a situação denunciada.
3. Da rigorosa análise efetuada pelo Conselho de Deontologia dos documentos anexados, designadamente “275 páginas de quadros comparativos (entre o texto original usado no plágio e o texto plagiado pelo visado na denúncia; entre o(s) texto(s) previamente publicado(s) que estão na base do autoplágio e o texto autoplagiado), os membros [do CD] concluíram estar perante factos comprovados”.
4. Considerando que as práticas denunciadas colidem com a necessária integridade profissional e académica, a APS condena-as totalmente e manifesta-se em total sintonia com o teor da deliberação do Conselho de Deontologia.
5. Assim, a Direção da APS subscreve e revê-se inteiramente nas recomendações do Conselho de Deontologia. Nesse sentido, para além desta declaração tornada pública no website e na newsletter de forma a não deixar dúvidas aos sócios da total reprovação ética da APS deste tipo de práticas fraudulentas (plágio e autoplágio), a APS irá:
a) Promover um debate alargado acerca do plágio e autoplágio. Este debate, que se iniciou já em 2018 com o lançamento, pela Direção da APS, de uma campanha que levou o Workshop “Plágio e Integridade Académica” a nove universidades do país, deverá continuar sob outras formas, estando já prevista a realização de uma sessão semiplenária a ter lugar no próximo congresso da APS, a ter lugar em 2020.
b) Recomendar às instituições de ensino superior que utilizem, com carácter sistemático, ferramentas informáticas de deteção de semelhanças (vulgo programas de deteção de plágio) na análise de trabalhos académicos e científicos, seja no âmbito de provas académicas, seja em concursos públicos, de forma a excluir aqueles que apresentem indícios claros de práticas que configuram situações fraudulentas, de plágio e autoplágio.
Em complemento a este documento, anexa-se a deliberação emitida pelo Conselho de Deontologia da APS.
P’la Direção
João Teixeira Lopes
Presidente
Associação Portuguesa de Sociologia
DELIBERAÇÃO do Conselho de Deontologia da Associação Portuguesa de Sociologia
Pedido de Parecer sobre denúncia produzida por Bruno Dionísio relativa a “informação curricular forjada” e a “produção científica fraudulenta publicada” por candidato a um concurso público internacional para um lugar de docência numa universidade pública portuguesa