De acordo com a Classificação Portuguesa das Profissões (de 2010), a profissão de sociólogo/a (nível 5, categoria 2632.1)

Compreende as tarefas e funções do sociólogo que consistem, particularmente, em: Estudar a origem, evolução, estrutura, características e interdependências das sociedades humanas; Interpretar as condições e transformações do meio sócio-cultural em que o indivíduo interage e determinar as suas incidências nos comportamentos individuais e de grupo; Analisar os processos de formação, evolução e extinção dos grupos sociais e investigar os tipos de comunicação e interacção que neles e entre eles se desenvolvem; Investigar de que modo todo e qualquer tipo de manifestação da actividade humana influencia e depende de condições socioculturais existentes; Estudar de que modo os comportamentos, as actividades e as relações dos indivíduos e grupos se integram num sistema de organização social; Procurar explicar como e porquê se processa a evolução social; Interpretar os resultados obtidos tendo em conta os elementos fornecidos por outros investigadores que trabalham em domínios conexos; Elaborar documentos e estudos científicos de modo a serem utilizados pelos governantes, outros decisores políticos e sectores económicos interessados na resolução de problemas sociais.

Nota: consultar portal do INE para uma leitura integrada da Classificação Portuguesa das Profissões

A aptidão para lidar com problemas novos e construir os instrumentos adequados para a respetiva análise e reflexão, a flexibilidade na aplicação dos conhecimentos adquiridos, a agilidade para trabalhar em equipas pluridisciplinares e a facilidade de integração em ambientes desconhecidos fazem parte do rol de competências demonstradas pelos sociólogos e reconhecidas pela sociedade portuguesa. Esta é uma das conclusões a que chegou a Avaliação Externa dos cursos de Sociologia, realizada no ano letivo 2003-2004, na qual se evidenciava que, de um modo geral, os empregadores reconhecem e valorizam a capacidade de trabalho dos sociólogos.

No Relatório Síntese Global da Comissão de Avaliação Externa de Sociologia (2003-2004), datado de julho de 2004 e proporcionado pela FUP – FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES PORTUGUESAS e pela APESP – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO, lê-se que:

«Apesar de algumas dificuldades de colheita e tratamento da informação, as avaliações produzidas pelos diferentes atores inquiridos traduzem a ideia de senso comum de que “não há grandes dificuldades de emprego” entre os sociólogos. De facto, as taxas de desemprego detetadas nos inquéritos feitos aos diplomados e registados nos RAA revelam valores que geralmente se situam entre os 5 e os 10%, embora estes dados devam levantar algumas reservas quanto à sua representatividade estatística. Esta confirmação genérica – que certamente a todos satisfaz – carece, assim, de várias considerações complementares.

É que parece ser cada vez mais claro que o papel da Escola não cessa com a obtenção do diploma por parte do estudante, antes deve procurar acompanhar o seu processo de inserção na vida ativa e o seu itinerário profissional, quer porque isso permitirá à instituição aperceber-se das deficiências do seu ensino para procurar remediá-las, quer porque os seus licenciados são, evidentemente, potenciais candidatos às suas formações de pós-graduação» (página 29).

MEDIR A EMPREGABILIDADE DOS SOCIÓLOGOS

A partir de setembro de 2007, O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais, passou a publicar semestralmente a publicação intitulada A PROCURA DE EMPREGO DOS DIPLOMADOS COM HABILITAÇÃO SUPERIOR. Trata-se de uma análise apoiada numa metodologia inovadora e que cruza duas fontes principais:

Inscritos nos centros de emprego: Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P. (IEFP/MSST) que, através do Sistema de Gestão e Informação da Área de Emprego (SIGAE), regista as inscrições dos candidatos a emprego;

Diplomados: Gabinete de Planeamento, Avaliação, Estratégia e Relações Internacionais (GPEARI/MCTES), responsável pela recolha de informação fornecida anualmente pelas instituições de ensino superior.

Ainda que tenha merecido já algumas críticas por parte de instituições académicas nas quais a Sociologia é lecionada, nomeadamente da Universidade do Minho (ver texto) e da Universidade de Coimbra (ver texto), a análise do MCTES tem inegável interesse para compreender algumas das facetas da empregabilidade dos sociólogos Portugueses.

Os dados apresentados podem ser consultados, de uma forma mais completa, no ficheiro de Excel anexo a cada Relatório. Encontra os relatórios e ficheiro excel, desde 2007, no site da Direcção-geral de Estatísticas de Educação e Ciência.

  • Relatório Dezembro 2016 – EXCEL
  • Relatório Junho 2016 – PDF | EXCEL

Não perdendo de vista a existência de um cenário tradicionalmente favorável à empregabilidade dos sociólogos, as profundas transformações verificadas na economia mundial e nas sociedades contemporâneas, do ponto de vista da oferta de emprego público e privado, há que estar atento e aprofundar o conhecimento desta realidade através de estudos sistemáticos que permitam, também, acompanhar a qualidade da inserção profissional e as oportunidades de carreira para as diferentes gerações de sociólogos. A posse dessa informação, e a sua coleta, é de primordial importância para as Associações de Sociólogos: saber quem somos, o que fazemos, em que contextos e em que condições, com que oportunidades e com que constrangimentos, constituem requisitos de base para que as Associações possam adaptar as suas modalidades de ação.

A APS tem procurado recolher informação para a elaboração de uma sociografia dos seus associados. Alguns resultados foram já objeto de divulgação (aceder aqui, em especial à páginas 16 e 17 do documento).