Nesta sua XIII edição, o Encontro de Sociologia dos Açores, que ocorre nos 25 anos da Licenciatura em Sociologia da Universidade dos Açores, terá lugar nos dias 25 e 26 de novembro de 2021, no Auditório da Escola Superior de Saúde de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Este evento será aberto a todo o público, conta com a participação de especialistas regionais, nacionais e estrangeiros e será dinamizado através de mesas redondas que focarão diversas dimensões específicas da relação entre a coesão social, a cidadania e a sustentabilidade.
Nas sociedades contemporâneas a coesão social atravessa todos os debates, ganhando especial sentido nas questões da educação, do emprego, da economia, do envelhecimento da população ou das migrações, apenas para referir algumas das mais estruturantes. Realçadas pela pandemia COVID-19, as questões da coesão social surgem mais do que nunca articuladas com as diversas modalidades em que a cidadania se desdobra e em especial com os problemas emergentes da sustentabilidade.
A crescente desmultiplicação das identidades e o aumento das desigualdades de distribuição de rendimento vêm tornar central na sociedade os debates gémeos da cidadania e da coesão social. Por outro lado, os efeitos da Humanidade no ambiente estão a ter cada vez mais repercussões sociais, políticas e económicas, associadas a novos movimentos sociais e políticos bem como a mudanças nas representações sociais sobre o mundo.
Eventos associados:
23 de Novembro às 10:30h – Aula aberta de Sociologia do Desenvolvimento: Vírus, algoritmos e o “caminho do Oriente”: um comentário sobre a recomposição do mundo | Sala A.002 do complexo científico da UAc*, com Fernando Bessa Ribeira (Universidade do Minho e CICS.NOVA)
Hoje parece que o mundo se agita intensamente, com as inovações técnicas, as alterações nos campos do trabalho, dos modos de vida e das mobilidades, todas elas conectando-se com as novas formas de comunicação, a digitalização e a aceleração dos diversos tempos nos quais a vida de cada um se consome. Será que as transformações em curso “liquidificaram” o mundo, segundo o sentido dado por Zygmunt Bauman, fazendo mesmo desaparecer as estruturas que organizam e dão solidez a um sistema social? Ou, pelo contrário, estas transformações apenas nos revelam, uma vez mais, a flexibilidade das estruturas do sistema mundial, suficientemente dúcteis para acomodar o que muda, manter a diversidade de modos de vida e de práticas culturais, sem que tal coloque em causa os processos intensivos de acumulação de capital? Neste sentido, será que a crise pandémica, em lugar de dar origem a um mundo novo, como repetidamente tem sido anunciado pelos media, antes acentuará determinadas dinâmicas já em curso, nomeadamente no domínio da automatização, da robotização e da chamada inteligência artificial, cujos impactos no campo do trabalho já começamos a sentir? Tomando como referência estas interpelações, ensaiar-se-á um comentário sobre a recomposição do mundo e a transferência do poder do Ocidente para o Oriente.
*Prioridade no acesso aos lugares aos alunos da unidade curricular de Sociologia de Desenvolvimento.