Revolução, Modernidade e Memória

Caminhos da História da Educação

Instituto de Educação – Universidade de Lisboa – 20 a 23 de julho de 2021

Este Congresso ía realizar-se no ano em que se completavam os 200 anos da Revolução portuguesa de 1820. Aproveitando-se a evocação deste momento inaugural da implementação do liberalismo em Portugal para refletir sobre o contributo das revoluções que se realizaram tendo como inspiração o ideário liberal para a construção da Modernidade em várias das suas dimensões de entre as quais destacamos as seguintes: criação das ideias de cidadão e cidadania; construção do modelo escolar e de um sistema público de educação; aprofundamento dos processos de alfabetização e de escolarização; concretização da figura do Estado-Educador; o papel central que a escola passou a desempenhar como contexto de socialização e de integração escolar; o seu contributo para a promoção da ideologia do Estado-Nação; o desenvolvimento da dicotomia liberdade-disciplina; a expressão de um novo olhar sobre a criança e a infância. Num outro plano, os processos de independência dos países latino-americanos são igualmente indissociáveis da eclosão das revoluções liberais e tiveram o ideário liberal como uma das suas principais fontes de inspiração.

A generalização da escola moderna sedimentou uma determinada organização pedagógica, que se instituiu como tradição, mas também suscitou o aparecimento de propostas alternativas em relação a esse modelo e que se apresentavam como inovações pedagógicas mas que, na verdade, mantinham uma relação complexa e ambivalente com a tradição. A educação foi, neste contexto, um terreno habitualmente fértil para imaginar os futuros possíveis para a escola (ou, mesmo, a ausência de futuro) num registo que se abeirava da utopia. Como noutros dos dilemas da modernidade, essa ideia iluminista de projeto não põe em causa a presença dos discursos que apelam à memória. Não só a escola se tornou num verdadeiro lugar de memória, e de invenção de tradições, como também as experiências vividas tal como são representadas pelas memórias dos atores passam a ocupar um lugar central nos nossos discursos sobre a escola.

I – As revoluções e as mudanças em educação

II – História, educação e cidadania

III – Modernidade, alfabetização e escolarização

IV – Estado, políticas educativas e construção de identidades

V – Espaços, tempos e organização pedagógica da escola moderna

VI – A circulação internacional do modelo escolar e dos saberes pedagógicos

VII – Representações sobre a infância e a juventude

VIII – Formação de professores e trabalho docente

IX – Escola e inovação: Pedagogias alternativas e escolas diferentes

X – A escola como tradição: Memórias, materialidades e património