Integração das ciências sociais em projetos de tecnociência: riscos e benefícios

Ana Delicado (ICS-ULisboa)

28 de março de 2025, 17h00-19h00 | Sala Keynes, Faculdade de Economia da UC

Em linha com as orientações da “Responsible Research and Innovation”, que têm norteado os programas de financiamento europeus para a ciência, os projetos nas mais diversas áreas científicas têm sido encorajados a incorporar uma dimensão de envolvimento de públicos não especialistas. Por outro lado, as controvérsias suscitadas pela emergência de novas tecnologias com riscos mal conhecidos têm chamado a atenção para a necessidade de incorporar estudos de aceitação/aceitabilidade social.

É neste contexto que as ciências sociais têm vindo a ser convocadas a participar em projetos de tecnociência. Se esta participação era mencionada como desejável nas convocatórias de há alguns anos atrás, mais recentemente tem-se tornado praticamente obrigatória.
Numa época de contração do financiamento para as ciências sociais, esta oportunidade de participação em projetos de outras áreas não pode ser se não bem-vinda e uma oportunidade para explorar as colaboraçõesinterdisciplinares. No entanto, não é ausente de riscos. Do “tokenismo” às expetativas de manipulação da opinião pública, da menorização das disciplinas científicas “soft” às questões sobre a neutralidade dos investigadores, são muitos os escolhos que os cientistas sociais têm de navegar neste tipo de projetos.

Esta apresentação visa discutir os riscos e benefícios da participação das ciências sociais, com base na experiência de vários projetos europeus e nacionais em colaboração com equipas de ciências naturais e de engenharia.

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Desafios de uma Sociologia da Inteligência Artificial: Poder, Mitos e Representações

Helena Machado (Universidade do Minho / CVTT-ISCTE)

4 de abril de 2025, 17h00-19h00 | Sala Keynes, Faculdade de Economia da UC

Que regimes de verdade e que relações de poder sustentam a Inteligência Artificial (IA)? Como se constrói socialmente a ideia de uma IA autónoma e inevitável? Proponho uma agenda de investigação para uma Sociologia da IA que a analise como um fenómeno sociotécnico, inscrito em redes de atores humanos e não humanos, e não como uma entidade neutra ou puramente técnica.

Quais são os mitos, metáforas e promessas que moldam as narrativas sobre IA? Que interesses económicos e políticos promovem determinadas visões sobre o seu impacto? Uma abordagem crítica exige desconstruir estas retóricas e questionar quem define os valores, normas e objetivos da IA e em benefício de quem.

De que modo a IA reproduz e amplifica desigualdades estruturais? Como é que as suas infraestruturas, lógicas e usos se inscrevem em histórias de capitalismo, colonialismo, patriarcado e racismo? Analisar a IA como tecnologia relacional implica mapear estas continuidades e os seus efeitos assimétricos sobre diferentes grupos sociais.

Quem são os atores – visíveis, invisibilizados ou silenciados – que participam no ecossistema da IA? Como podemos incluir múltiplas vozes e imaginar futuros alternativos para estas tecnologias? Desafio a Sociologia a articular-se com ferramentas criativas de escrita ficcional e do visual digital, explorando metodologias inovadoras para produzir conhecimento híbrido e situado sobre os mundos sociais da IA.

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Cibersegurança, pandemia e «engenharia social»: incursão sobre o lugar da técnica em sociedade

Pedro Xavier Mendonça (CNCS / UNIDCOM-IADE)

11 de abril de 2025, 17h00-19h00 | Sala Keynes, Faculdade de Economia da UC

A pandemia da Covid-19 pode ser vista como um laboratório social “natural” para compreender a relação entre algumas variáveis técnicas e sociais, nomeadamente o papel que o uso das tecnologias digitais tem na acomodação de dinâmicas sociais e vice-versa, dialogando com a questão tradicional dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia acerca do modo como se configuram mutuamente a tecnologia e a sociedade.

É esta oportunidade que conduz esta abordagem a realizar um olhar específico sobre o campo da cibersegurança, com atenção a Portugal no contexto da pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021. Propõe-se uma análise sobre um conjunto de indicadores de incidentes de cibersegurança e de cibercrime que representam um momento significativo da segurança no ciberespaço durante a pandemia. O aspeto sob análise refere-se à tensão entre dinâmicas técnicas e sociais no desenrolar das ameaças que emergiram face aos usos do digital. A hipótese forte é a de que a cibersegurança – domínio com elevada sofisticação tecnológica – não é compreensível sem o reconhecimento das suas variáveis sociais.

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No âmbito do Seminário «Ciência, tecnologia e conhecimento em sociedade»