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Os pequenos comércios como um ativo para a cidadania europeia: um olhar político sobre as lojas de rua geridas por migrantes no Porto e Lisboa

Oradora: Priscilla Santos (Doutoranda em Estudos Urbanos, CIES-Iscte & NOVA-Fcsh)

Comentário: José Mapril (Professor em Antropologia, NOVA-Fcsh e CRIA)

Resumo:

Nesta apresentação irei explorar como migrantes nas zonas do Bonfim e Batalha, no Porto, e nos Anjos, em Lisboa, estão abrindo pequenos comércios de rua como uma forma de obter autorização de residência e, após cinco anos, solicitarem a cidadania portuguesa/europeia. Parto do argumento de que esses migrantes agenciam seus pequenos negócios para conseguir o desejado ‘passaporte vermelho’ e assim melhorar seu estatuto de cidadania, desvelando as dinâmicas de poder inerentes à dicotomia União Europeia e o resto. Esta comunicação resulta da minha pesquisa de doutoramento em curso. Até o momento conduzi cerca de 60 entrevistas com migrantes originários do Sul da Ásia, Oriente Médio, África do Sul, Estados Unidos e Brasil, por exemplo. Observei a busca da cidadania europeia como um objetivo que perpassa diferentes identidades raciais e de classe. Muitos desses migrantes almejam a livre mobilidade intra União Europeia para mudarem-se para países mais ricos da Europa onde possam ter rendimentos mais altos. Para além das oportunidades econômicas, o ‘red passport’ permitiria acesso à educação de qualidade para si e os filhos, enriquecendo o capital cultural. Esses pequenos comerciantes migrantes almejam o poder simbólico ligado à cidadania europeia para contrabalançar suas múltiplas marginalidades.