Seminário Life ICS-UL | “Famílias, parentalidade e procriação: a identificação das dificuldades e das necessidades por parte de especialistas, profissionais e decisores” com Vanessa Cunha (ICS-ULisboa)

A natalidade, a conciliação família-trabalho e o bem-estar económico das famílias com crianças são preocupações recorrentes na agenda política nacional e sucessivos governos têm procurado responder através de políticas de apoio às famílias. Estas têm-se consubstanciando, sobretudo, em três tipos de medidas: transferências monetárias e benefícios fiscais; licenças parentais; e equipamentos e serviços de apoio às crianças e à procriação. Mais recentemente, o suporte à parentalidade também passou a constituir uma área de intervenção no âmbito das políticas dirigidas às famílias, através da transposição de diretivas europeias e de programas internacionais estandardizados, baseados em conhecimento científico, que visam capacitar mães e pais no exercício dos papéis parentais. Ora, se a consolidação das primeiras medidas resultaram do reconhecimento de que os contextos sociais exteriores às famílias impactam grandemente as suas condições de existência, criando, para muitas, dificuldades e necessidades no seu dia-a-dia; este foco emergente na parentalidade coloca a tónica no contexto interno das famílias, nas dificuldades de mães e pais no desempenho de uma “boa” parentalidade que vá ao encontro das necessidades das crianças, ou seja, do seu desenvolvimento saudável, harmonioso e integral.

Nesta apresentação vão ser partilhados alguns resultados do Projeto PARENT – Procriação e Parentalidade em contexto de baixa fecundidade, mudança familiar e crise económica (2018-2022), decorrentes da auscultação de especialistas, profissionais e decisores nas áreas da família, infância, educação e saúde. Através da realização de 6 grupos focais, em diferentes regiões do país, procuramos conhecer as suas perspetivas sobre as dificuldades que hoje se colocam à procriação e à parentalidade; mas também as necessidades que identificam em termos de políticas públicas, se mais orientadas para a resolução das dificuldades que as famílias enfrentam na sua relação com o exterior, ou se mais orientadas para as dificuldades internas, no exercício da parentalidade.