[ Informação Revista Forum Sociologico ]
Divulgação: N.º 38, 2021 – Revista Forum Sociológico
Esta é uma publicação do CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais e está publicada em acesso aberto na plataforma OpenEditionJournals em https://journals.openedition.org/sociologico/9605
[ Informação Observatório sobre Crises e Alternativas – CES-Coimbra ]
Novo estudo | “A moratória de crédito a empresas e famílias” [Barómetro do Observatório n.º 23]
O Observatório sobre Crises e Alternativas – do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra – lança um novo Barómetro do Observatório, da autoria de Catarina Frade*, Ana Cordeiro Santos* e Nuno Teles**.
A moratória de crédito é uma medida excecional de apoio a empresas e famílias que teve o propósito de mitigar os impactos económicos e financeiros da contração da atividade económica decorrente da pandemia. No final de abril de 2021, o montante total de empréstimos abrangidos por moratória era de cerca de 38 mil milhões de euros, correspondendo a cerca de 31% do montante total dos empréstimos bancários, com os empréstimos a empresas a representarem cerca de 61% e a famílias 39% do total destes empréstimos.
A moratória de crédito procurou garantir a continuidade do financiamento a empresas e famílias e a prevenção de um eventual incumprimento do crédito resultante da redução da atividade económica através do adiamento temporário do pagamento das prestações (do capital e juros ou apenas do capital) de um empréstimo.
Como se irá procurar mostrar, o programa de moratórias de crédito teve especial relevância em Portugal comparativamente à generalidade dos países europeus. Este programa e, em menor grau, as linhas de crédito com garantia pública, em conjunto com outras medidas, permitiram escudar temporariamente empresas e famílias dos efeitos mais dramáticos da crise (isto é, insolvências e desemprego), tendo especial relevância em Portugal comparativamente à generalidade dos países europeus.
O fim das moratórias de crédito em setembro próximo, em simultâneo com o término de outras medidas extraordinárias de mitigação dos efeitos da pandemia, acarreta riscos elevados. Partindo de uma posição financeira já de si frágil tendo em conta o seu elevado nível de endividamento, empresas e famílias acumulam um maior volume de dívida que, num cenário realista de recuperação apenas parcial da atividade económica, não será fácil pagar, e que compromete o setor bancário nacional.
Na medida em que as empresas e famílias que mais recorreram à moratória do crédito correspondem aos segmentos mais afetados pela pandemia, designadamente empresas e trabalhadores do setor do alojamento e restauração, a recuperação da sua situação financeira dependerá da recuperação da atividade económica destes setores, o que torna a economia de novo dependente de um setor com reduzido valor acrescentado assente em trabalho precário e salários baixos. Assim, as políticas de apoio aos setores mais afetados deverão ser acompanhadas por políticas de estímulo aos setores com maior efeito de arrastamento económico.
#23 A moratória de crédito a empresas e famílias: alívio presente, riscos financeiros futuros
O Barómetro está disponível para consulta em https://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/index.php?id=6522&id_lingua=1&pag=6560
Para mais informações, contactar o Observatório sobre Crises e Alternativas: observatoriocrises@ces.uc.pt
* Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
** Universidade Federal da Bahia