25 de junho 2025 | IGOT-ULisboa e Online
A mesa-redonda Das Margens para o Centro: Desigualdades e as crises da (re)produção da vida quotidiana terá lugar no IGOT-ULisboa no dia 25 de junho. O evento é organizado pelo investigador do ICS-ULisboa Vasco Ramos e a doutoranda em Sociologia Francielli Dalprá, com o apoio do Grupo de Investigação LIFE.
Todos reconhecem que Portugal é uma sociedade marcada por profundas desigualdades. Essas desigualdades – de classe, de género, étnico-raciais – condicionam não apenas o acesso a recursos e oportunidades, como também as presenças – ou ausências – nas discussões públicas, aprofundando lógicas de exclusão. Aqueles/as que asseguram a produção e a reprodução do quotidiano permanecem largamente invisíveis, exceto em momentos de crise – como durante a pandemia ou, mais recentemente, em protestos contra a atuação da polícia – para logo serem votados ao esquecimento.
A ausência de inscrição social de populações subalternizadas no debate público – incluindo largos segmentos da classe trabalhadora, migrantes e populações racializadas – é sintomática de duas crises interligadas no atual momento do capitalismo: a crise da reprodução social e a crise da representação social e política. A estas soma-se uma terceira, igualmente inquietante: a dificuldade da sociologia e das ciências sociais em colocar as desigualdades no centro das agendas científica e pública, bem como em assumir plenamente um papel crítico e propositivo, capaz de interpelar as estruturas de poder e contribuir para uma transformação social.
Neste seminário, queremos contribuir para tornar visível o invisível, explorando como as desigualdades de classe social, género e raça/etnia se articulam na produção e reprodução do quotidiano no Portugal Contemporâneo. Para isso, convidámos três participantes para, a partir da sua investigação, refletirem sobre as invisibilidades persistentes e discutir como (re)politizar o mundo da vida.
Ana Rita Alves é antropóloga e doutora em Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas pela Universidade de Coimbra. O seu envolvimento com diferentes disciplinas, da antropologia à teoria crítica da raça ou aos estudos urbanos, tem sido fundamental na análise de processos de violência política anti-Negra e anti-Roma em Portugal nos domínios da epistemologia, habitação e justiça, resultando em inúmeras publicações, entre as quais o livro “Quando Ninguém Podia Ficar: Racismo, Habitação e Território” (Tigre de Papel, 2021). Atualmente é investigadora no projeto “Corpos Geradores: da agressão à insurgência. Contributos para uma pedagogia decolonial” no Centro de Investigação Interdisciplinar em Educação e Desenvolvimento (CeiED – Universidade Lusófona) e investigadora colaboradora no Centro de Estudos Sociais (CES – Universidade de Coimbra).
Manuel Abrantes concluiu mestrado em sociologia na Universidade de Amesterdão (2008) e doutoramento em sociologia económica e das organizações na Universidade de Lisboa (2014). Participou em projetos de investigação sobre trabalho, género e migrações. A sua tese de doutoramento versou sobre as relações de trabalho no serviço doméstico contemporâneo. A par da investigação científica, é autor de vários contos premiados em concursos literários e do romance “Na Terra dos Outros”, publicado pela Companhia das Letras em 2024. Leciona como professor convidado na Universidade Aberta e no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.
Renato Miguel do Carmo é professor associado com agregação do departamento de Sociologia do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa e investigador no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-Iscte). É diretor do Observatório das Desigualdades e participa na coordenação científica do CoLABOR.
A partir das 14h, na Sala de Conferências Jorge Gaspar no IGOT-ULisboa e online.